quarta-feira, 15 de abril de 2009

Refúgio

Trancada neste quarto, iluminada apenas pela vela que se consome, vejo que o mundo afinal não tem tanto brilho e o nada prevalece mais que o tudo... Descalça, caminho neste chão onde muitas lágrimas já cairam. Raiva, ódio, amor e mesmo solidão já passaram por aqui. Saudade e revolta habitam agora nestas quatro paredes, sendo por vezes difícil respirar com elas. Quero gritar e não tenho força para o fazer, o meu choro é abafado pela chuva que cai intensamente lá fora. Está frio e a lua deixou de brilhar por aqui... Hoje não quero sorrir, hoje quero sofrer por mim mesma, não quero pensar em nada, quero ficar só comigo, perder-me apenas no silêncio.
É aqui que tenho os sonhos mais incriveis e onde choro pelo confronto com a realidade.
Tenho saudades do ontem, saudades da felicidade que outrora trazia no bolso. Este casulo começa a ser grande demais para mim, apesar das memórias que aqui tenho guardadas. Olho-me nos olhos e, no mais profundo, vejo uma réstea de esperança de que a utopia da perfeição se torne real. Porém, volto a olhar para a janela e a esperança vai-se.
Tenho medo deste mundo, medo de querer concretizar o impossível, medo de sair deste meu refúgio que tão bem me protege... Hoje nem a vela deixa de derreter.

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